Os clubes brasileiros apresentaram uma sensível melhora em seus números financeiros de 2015. O estudo que analisa os dados dos balanços dos clubes que publiquei essa semana mostra isso.
Os 20 maiores clubes brasileiros ampliaram em quase 20% suas receitas e fecharam no azul, com superávits somados de R$ 147 milhões. Em 2014 os times apresentaram enormes perdas de R$ 626 milhões. Isso deveria ser um grande motivo para comemoração, já que depois de tantos déficits, surgiram números positivos.
Contudo a evolução dos números não está associada a melhoras na condução dos negócios dos clubes. O verdadeiro motivo foi a aprovação do PROFUT injetando nas contas das entidades, nada menos que R$ 685 milhões em descontos por terem aderido ao parcelamento.
Os grandes devedores foram presenteados com enormes descontos, que se converteram em receitas financeiras, possibilitando aos clubes fecharem com grandes superávits.Para muitos o PROFUT é considerado a salvação do futebol brasileiro. Penso bem diferente. Nossos clubes já sabendo que as dívidas sofreriam descontos simplesmente pararam de pagar impostos e contribuições para aproveitar a farra do dinheiro público.
Isso explica por exemplo como um clube como o Cruzeiro passou de R$ 64 milhões de dívidas fiscais em 2014 para R$ 157 milhões em 2015, aumento de 145%! Ou o Corinthians, que viu seus débitos fiscais saltarem de R$ 147 milhões para R$ 185 milhões. Detalhe o cube paulista devia “apenas” R$ 54 milhões em 2012 para o fisco.
Isso significa que esses clubes e tantos outros foram sonegando impostos, sabendo das benesses que estavam a caminho.
Por outro lado, os gastos com futebol continuam em alta. Por exemplo, o Cruzeiro viu seus custos com futebol passarem de R$ 193 milhões em 2014 para R$ 306 milhões e fechou 2015 com perdas de R$ -26 milhões. Nos últimos 5 anos acumula déficits de R$ -131 milhões.
O Corinthians apresenta custos com futebol de R$ 250 milhões, frente aos R$ 238 milhões de 2014 e fechou com o pior déficit do futebol brasileiro, R$ -97 milhões. Em dois anos o clube acumula perdas de R$ -194 milhões.
O mesmo vale para o São Paulo, segundo clube que mais gastou com futebol em 2015, R$ 274 milhões, frente aos R$ 235 milhões de 2014. O tricolor paulista fechou com perdas de R$ -72 milhões. Nos últimos dois anos os déficits somam R$ -173 milhões, e no mesmo período as dívidas fiscais aumentaram sensivelmente.
Isso apenas mostra que os dados positivos dos balanços escondem clubes geridos de forma alavancada e em muitos casos irresponsável. Em minha opinião o PROFUT encobriu números financeiros terríveis, que tendem a aparecer em 2016.
Os nossos clubes foram habituados a gerir seus negócios sem responsabilidade, já que sabem que sempre em algum momento o Governo iria ajudar, com seus pacotes de bondades, com o dinheiro de todos os brasileiros.
Para evoluir precisamos de uma redução concreta de custos e exigências que efetivamente cobrem dos clubes que cumpram o que está na Lei. Caso isso não ocorra, podemos apenas ter visto uma melhora momentânea dos números, que podem voltar a ficar muito negativos em 2016.
Fonte: Lance
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