Na primeira parte da temporada, o Flamengo viveu uma rotina de viagens e jogos em sequência. Era recorrente a análise da influência negativa no rendimento dentro de campo. Mas os dois últimos jogos da equipe deixaram claro que o trabalho a ser feito vai muito além da questão física. Após quase quatro meses e 23 partidas oficiais – a última a derrota por 2 a 1 para o Fortaleza, pela Copa do Brasil –, falta identidade ao time comandado por Muricy Ramalho.
Para além do mau momento de alguns jogadores considerados importantes para o Flamengo, há a indefinição quanto ao esquema tático a ser adotado. Muricy Ramalho preparou o time durante a pré-temporada no 4-3-3, apostando em Marcelo Cirino, Emerson Sheik e Guerrero como um ataque de peso. Mas, depois de um início positivo, a tática passou a ser manjada pelos adversários. Muricy confessou que era preciso mudar e lançou o 4-4-2. Foram três jogos atuando nessa formação, que acabou por reforçar o ataque tendo como base um incremento do meio-campo na criação e na marcação. Os resultados traduziram: empate em 2 a 2 com o Botafogo e vitórias por 3 a 0 sobre Boavista e Bangu.
- Percebemos que estávamos jogando de uma maneira difícil de jogar, porque o adversário já estava identificando a nossa maneira de jogar. Aquela maneira (4-3-3) já está boa e agora temos que ter outra variação - justificou Muricy após o clássico contra o Botafogo.
Mas a necessidade de vitória sobre o Confiança, pela primeira fase da Copa do Brasil, fez Muricy Ramalho voltar com o 4-3-3, e o resultado também apareceu com um 3 a 0. E no momento em que se esperava a consolidação do 4-4-2, Muricy voltou com o esquema com três atacantes na semifinal contra o Vasco. O que se viu foi mais uma vez um time sem movimentação ou criatividade, principalmente no meio-campo, além de passivo animicamente diante do rival, que venceu por 2 a 0 sendo pouco ameaçado. Um panorama que se repetiu na derrota por 2 a 1 para o Fortaleza.
A quase uma semana da estreia no Campeonato Brasileiro, Muricy garante que o Flamengo será competitivo. Mas a torcida do Flamengo ainda tenta saber qual será a cara do time na competição mais difícil da temporada. E isso se dá principalmente porque alguns dos nomes nos quais se aposta ainda não corresponderam. Veja abaixo.
GOLEIROS
Paulo Victor tem a confiança de Muricy Ramalho, mas não a dos torcedores. É comum a manifestação de rubro-negros, principalmente nas redes sociais, pedindo mais chances a Alex Muralha. Um dos motivos é justificar o alto investimento (R$ 2 milhões) num jogador reserva, que disputou apenas uma partida oficial pelo Flamengo na temporada.
LATERAIS
Rodinei e Jorge são estáveis nas suas condições de titulares. Mas a conclusão que o Flamengo tem é de que no momento é um time capenga. Pelo lado direito a equipe chega melhor ao ataque, principalmente pelas características de Rodinei, que combina boas jogadas com Willian Arão e Marcelo Cirino. O outro lado ainda carece de encaixe. No elenco, as alternativas não apresentam a mesma qualidade técnica. Pará e Chiquinho não chegam a fazer sombra aos titulares, o que pode criar uma acomodação.
ZAGA
Juan foi contratado como uma aposta, valendo mais seu vínculo afetivo com o Flamengo do que a história e o currículo invejável aos 37 anos. Mas ele se tornou a principal referência técnica e o único inquestionável da posição. Wallace sofre críticas desde o início do ano e na última partida abriu mão da braçadeira de capitão. Contratado no ano passado, César Martins está perto de ir embora sem deixar saudade. O clube deposita esperança em Léo Duarte, mas Muricy deu apenas uma chance ao jogador de 19 anos. Enquanto isso, a diretoria se empenha para contratar zagueiros com experiência. A tendência é que cheguem até dois nomes para a posição.
MEIO-CAMPO
Neste setor estão algumas das principais contratações do Flamengo na temporada: Cuéllar, Willian Arão e Mancuello. Os três são titulares, sendo que Arão é o mais regular. O volante colombiano mostra dificuldade na adaptação ao ritmo de jogo brasileiro – com especial afobação nas tentativas de desarme – e o meia argentino, por mais que seja voluntarioso e importante nas bolas paradas, ainda não foi regular e decisivo nos grandes jogos. O Flamengo também guardou para Ederson uma grande expectativa nesta temporada, que seria "a melhor temporada de sua carreira". No entanto, apesar de inteiro fisicamente, o meia ainda não correspondeu e, por isso, não conseguiu se firmar entre os titulares.
ATAQUE
O Flamengo não tem dúvidas sobre o valor de Guerrero, principalmente em relação ao seu comprometimento. Mas ainda se espera muito mais do peruano, que fez nove gols em 21 jogos nesta temporada. Em relação àqueles que atuam pelos lados do campo, Marcelo Cirino viveu mais altos do que baixos na temporada, mas precisa provar esta condição no Brasileiro. Emerson Sheik, um dos quais com quem Muricy mais contava, ficou tão apagado que sumiu das vistas do Flamengo – se recupera de dores musculares, segundo o clube. Everton também segue às voltas com problemas médicos e Gabriel está longe de encher os olhos. Como alternativa de homem de área, hoje, o clube tem apenas Felipe Vizeu.
Fonte: GE
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