24/05/2016

Uma crise com muitas caras: saiba quem é quem na guerra de poder do Flamengo


No tabuleiro de xadrez da Gávea, as peças se mexem de acordo com os resultados em campo. Em sua pior crise desde que assumiu a presidência do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello viu sua base de apoio rachar.
Mergulhado em problemas, tem de contornar insatisfações, além de domar os egos de seus mais importantes colaboradores. A urgência de uma ampla reforma no departamento de futebol fará com que Bandeira dê um passo atrás no discurso de modernização, abrindo espaço a dirigentes amadores e esvaziando um pouco os poderes da área executiva do futebol. O “pai” da mudança será Flávio Godinho, vice de futebol e homem indicado pelo presidente para a missão.

Não bastasse o caos no clube, Bandeira ainda aceitou o convite para chefiar a delegação da seleção na Copa América. Em seu lugar, o vice Maurício Gomes de Mattos assumirá. Ironicamente, foi apelidado de “Temer”, em referência ao presidente em exercício. A política ferve na Gávea. Qualquer semelhança com Brasília não é mera coincidência.

Confira as peças do tabuleiro rubro-negro:

Eduardo Bandeira de Mello, presidente

Presidente reeleito, acompanha de perto o futebol, mas não exerce o poder que o estatuto lhe concede, o que na oposição lhe rendeu o apelido de Banana. Diversas de suas decisões perdem força em meio ao colegiado de vice-presidentes do Conselho Diretor. Entre elas, a manutenção do atual trabalho no futebol, classificado por ele como “excelente”. Pressionado, isolou-se e foi criticado até por seu grupo político, o SóFla, por ter aceitado chefiar a delegação da seleção. Os mesmos apoiadores ainda querem mudanças urgentes no futebol.

Flávio Godinho, vice de futebol

Um dos principais apoiadores e financiadores da reeleição de Bandeira de Mello, Flávio Godinho é o vice de futebol da atual gestão e recebeu carta branca do presidente para reformular o departamento. Tido como figura pouco presente no dia a dia, mantém um relacionamento apenas cordial com Rodrigo Caetano. É favorável à queda do executivo, mas seu cargo também está ameaçado, já que é visto com maus olhos por integrantes do Conselho Diretor. A seu favor, pesa a capacidade de diálogo com diversas correntes do clube.


Fred Luz, diretor geral

Considerado o presidente de fato, é quem toma as decisões nos bastidores — não apenas no futebol, mas também nas questões referentes a programa de sócios, contratações e estádios. Teve participação direta no planejamento de viagens, que vem castigando o time e irritou Muricy Ramalho e jogadores. Chegou ao clube levado pelo ex-vice de marketing Luiz Eduardo Baptista, ajudou na captação de patrocinadores no primeiro período da atual gestão, e ganhou ainda mais força. Mas é acusado de não mostrar a cara em momentos de crise.

Rodrigo Caetano, diretor executivo

Contratado em dezembro de 2014, o executivo chegou com a missão de profissionalizar o departamento de futebol. Algumas contratações equivocadas e o mau desempenho da equipe neste período minaram seu prestígio no clube. Assim, Caetano se tornou um dos alvos preferidos daqueles que exigem mudanças no futebol. A relação ruim com Flávio Godinho dificulta o seu trabalho, que perde espaço progressivo dada a interferência de muitos dirigentes ditos amadores no cotidiano do futebol rubro-negro. É a bola da vez para sair.

Muricy Ramalho, técnico

O técnico é peça-chave neste processo de reformulação, já que algumas mudanças dependerão de sua permanência. Fará hoje novos exames cardíacos em São Paulo, para ter noção sobre a continuidade de seu trabalho no clube. Proibiu Rodrigo Caetano de participar dos assuntos de campo, com o respaldo do vice de futebol, Flávio Godinho — que o contratou sem ao menos consultar o executivo. O treinador teve carta branca para indicar reforços e até poupar jogadores. Os péssimos resultados da equipe e falta de um padrão de jogo caem em sua conta.


Maurício Gomes de Mattos, vice

O vice-presidente é uma ameaça a Bandeira, pois tem a intenção de se candidatar em 2018. Seu grupo político apoiou a reeleição do mandatário, mas quer uma participação no futebol. Em caso de viagem de Bandeira com a CBF, assumirá a cadeira. Por isso, é chamado na Gávea de Maurício “Temer” de Mattos, em referência a Michel Temer.

Plínio Serpa Pinto, vice

Vice-presidente de gabinete, ocupa a função de braço-direito de Flávio Godinho. Dá todo o suporte ao vice de futebol em questões de negociações, por ser mais experiente. E ainda abre canais com o ex-presidente Kleber Leite, que se coloca como um conselheiro à distância da atual gestão. Aparece só em momentos de crise.


Rafael Strauch, vice

Vice de Fla-Gávea, o jovem articulador da eleição de Bandeira é um dos cabeças do grupo político SóFla, e cotado para vir como candidato em 2018. O grupo entende que deve ter um nome no futebol e Strauch tenta se aproximar. O vice viajou para Porto Alegre com Bandeira para o jogo contra o Grêmio. Já quase brigou com o vice-geral.


Fernando Gonçalves, consultor

Oficialmente, é responsável pelo setor de psicologia. Apesar disso, o ex-diretor da Traffic atua como consultor para questões de mercado. Tem interferência no trabalho de Rodrigo Caetano, que o vê como concorrente no dia a dia. Na prática, Fernando Gonçalves se transformou em uma espécie de conselheiro do diretor-geral Fred Luz.

Marcos Braz, ex-vice

Nome preferido da “ala amadora” para assumir a vice-presidência de futebol (cargo que ocupou em 2009 no hexacampeonato), o atual vice do Conselho de Administração é nome indicado pelo vice Maurício Gomes de Mattos. Tem apelo entre membros de torcidas organizadas. Seu retorno foi pedido em uma pichação nos muros da Gávea.

Fonte: Extra

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