11/05/2016
Home »
» Sentado com o ‘inimigo’
Sentado com o ‘inimigo’
Ontem o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello soltou uma nota via site oficial justificando a sua decisão de aceitar o convite do Presidente da CBF, Marco Polo Del Nero para ser o chefe de delegação da Seleção Brasileira na Copa América Centenária. A nota é tão ruim quanto a dos presidentes do Conselho Deliberativo e de Administração do Flamengo que dá a entender que os membros desses Conselhos são de acordo ao exposto por eles. Sem contar a esdrúxula analogia com presidentes aliados e de moral duvidosa que foram chefe de delegação da Seleção em outras oportunidades.
O único fato que concordo com a nota do presidente é que não se pode falar de sua moral e idoneidade. Eu considero tal decisão de aceitar o convite uma ação equivocada e que mais parece ser por vaidade.
O presidente diz “Resultados relevantes foram alcançados, sendo os mais relevantes a saúde financeira e a solidez que vem permitindo cada vez maiores investimentos no futebol”. Sim, o mais relevante feito até aqui pela sua gestão é a saúde financeira quando deveria num momento haver um equilíbrio com o resultado esportivo. O que não há! Outro ponto a me chamar atenção na nota do presidente é afirmação de que hoje o Flamengo apoia a CBF: “o Flamengo tem apoiado e participado ativamente dos comitês de reformas da CBF. Temos o objetivo de apoiar e precisamos incentivar as iniciativas que visem a melhoria da Governança do futebol brasileiro. Enquanto apoia, o Flamengo também cobra e critica quando entende que entidades de administração decidem ou se manifestam no sentido contrário ao bem do futebol”. Como assim presidente? Apoia? Hã?
Vale lembrar de alguns trechos da nota oficial emitida pelo Flamengo em fevereiro, quando o clube foi vetado de mandar seus jogos em Brasilia no Brasileiro: “Nenhum argumento plausível justifica tamanha arbitrariedade, visto que não existe neste momento um estádio capaz de comportar a torcida do Flamengo no Estado do Rio de Janeiro”. Outro trecho: “Com essa decisão arbitrária, na qual aspectos políticos obscuros se sobrepuseram aos aspectos técnicos, a CBF está atingindo não apenas o Flamengo”. Aí eu pergunto: O que mudou na CBF arbitrária e de aspectos políticos obscuros de fevereiro para hoje?
O Flamengo de oposição da CBF passa a apoiador e ainda ganha elogios do presidente sobre as “práticas modernas”. Não consigo conceber ou aceitar tal tipo de coisa. O Flamengo hoje é um clube cidadão, cumpridor de suas responsabilidades e com uma imagem diferente no mercado do futebol, da publicidade e do negócio. E isso foi conseguido a duras penas por todos que lá estiveram e estão gerindo o Flamengo. Por isso, não pode o Flamengo através do Presidente emprestar toda credibilidade conquistada se aliando a CBF, pois suas práticas lideradas por seus dirigentes nunca foi de encontro ao pregado no Flamengo de 2013 pra cá. O saldo da CBF com suas práticas é um ex-presidente num auto-exílio nos EUA, um ex-presidente preso, o atual que não pode sair do país e o futebol brasileiro no fundo do poço!
Os grupos de trabalhos pela mudança do futebol elogiado pelo presidente e que ele diz apoiar e participar é um comitê de reformas que tem como base o da FIFA. São 5 temas em discussão: Reforma do Estatuto, Código de ética, licenciamento e registro, calendário do futebol e futebol feminino. Somente os dois primeiros estão em discussão e o presidente do Flamengo sequer faz parte dos integrantes desse comitê que tem o presidente do São Paulo, do Botafogo e nenhum representante do Flamengo. Até vale saber como o Flamengo vem atuando nesse comitê para não ser injusto.
Nas justificativas do próprio presidente, de alguns de seus vices-presidentes e dos presidentes dos Conselhos Deliberativo e de Administração, o Flamengo precisa manter relação com as demais instituições, mas aí eu pergunto: Por que então, quando teve problemas com a FERJ, o Flamengo se ausentou das arbitrais? Por que o Flamengo não votou quando houve eleição para Vice-Presidente da CBF e o Coronel Nunes foi candidato único, e mandou um ofício com criticas e ideias contundentes a entidade? Situações como essas não são momentos para relações institucionais ou somente para ser figura decorativa numa coletiva de convocação sem ao menos responder uma pergunta? Ou a relação só vale quando sou protagonista como ser Chefe de Delegação?
Presidente, minha reação ao ver o senhor sentado naquela bancada da CBF foi de vergonha e incredulidade, mas quero acreditar que isso será bom para o Flamengo e para o futebol brasileiro, o que hoje me parece difícil.
Boa sorte, presidente Eduardo Bandeira de Mello!
Túlio Rodrigues
Fonte: Ser Flamengo
0 comentários:
Postar um comentário