09/09/2016

“Em meio à crise, clubes têm salto nas rendas em 2016 graças a TV e vendas”


Enquanto o Brasil vive uma das suas piores crises econômicas, os clubes grandes têm aumento muito acima da inflação em suas receitas em 2016. É o que mostra um levantamento do blog em cima de números parciais das equipes. A explicação para esse descolamento do futebol da crise são os novos contratos de televisão com a Globo – incluindo luvas – e negociações de jogadores com o dólar em alta.
De um total de 12, seis grandes clubes (Flamengo, Fluminense, Grêmio, Palmeiras, Internacional e Santos) divulgaram suas receitas parciais em 2016, sendo que cinco deles tiveram incrementos significativos. Além disso, clubes como Corinthians e São Paulo também já têm dados que demonstram que vão superar com larga vantagem suas rendas do ano passado. Só não há informações sobre Botafogo, Vasco, Atlético-MG e Cruzeiro.
Em comparação com suas receitas até o meio do ano de 2015, Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Santos e Grêmio tiveram um aumento de receita de 52% em 2016, atingindo R$ 925 milhões contra R$ 609 milhões no ano passado nos mesmos períodos. Para comparar, o PIB do Brasil tem previsão de retração de 3,3% neste ano, e a inflação em 12 meses é 8,74%. Ou seja, a renda desses clubes cresceu cinco vezes a inflação.
Os novos contratos de televisão do Brasileiro tiveram o maior peso: o Flamengo aumentou sua receita neste item de R$ 76 milhões para R$ 114 milhões, compensando quedas no patrocínio. Movimento igual ocorreu no Fluminense com R$ 53 milhões contra R$ 36 milhões que ainda teve aumento considerável da venda de jogador. Já o Grêmio registrou R$ 100 milhões de luvas pelo seu novo contrato do Brasileiro, que valerá a partir de 2019, dobrando a receita do ano anterior. O Santos também triplicou sua receita no primeiro trimestre graças às luvas.
”A negociação do Gerson entrou neste ano. Foram R$ 49 milhões. O dinheiro a mais foi usaco em três frentes: foram pagas dívidas prioritárias, investimento no CT e em jogadores”, contou o presidente do Conselho Fiscal do Fluminense, Pedro Abad. ”O clube não terá um ativo como esse para o próximo já que o Scarpa não será vendido.”
No caso do São Paulo, o clube informou que teve receita de R$ 280 milhões até julho, R$ 51 milhões a menos do que ganhou no ano inteiro passado. Isso se deve à TV e às vendas de jogadores. Uma realidade parecida com a do Corinthians que ainda não tem números consolidados, mas terá crescimento.
”A gente vai ter aumento de receitas. Estamos tentando melhorar nossos números e reduzir a dívida”, contou o vice de finanças do Corinthians, Emerson Piovezan. ”Acredito que podemos fechar entre 20% e 25% acima da receita do ano passado. Não posso afirmar porque estamos implantando um novo sistema de controle e ainda não fechamos números parciais.”
Além do reajuste no contrato de tv, similar ao do Flamengo, o clube negociou quase R$ 200 milhões em jogadores em valores brutos, sem considerar os descontos por percentuais de direitos. Além disso, a diretoria corintiana fechou novos patrocínios. Ou seja, o Corinthians vai superar com folga os R$ 300 milhões obtidos em 2015.
Dos clubes analisados, o Internacional é o único que não tem indicativo de aumento de receita. Até o meio do ano, foram R$ 142 milhões, enquanto em 2015 inteiro foram R$ 297 milhões. Isso ocorre porque o clube gaúcho teve uma das maiores rendas de venda de jogador no ano passado. Ainda assim, o clube espera ter incremento de receita até o final do ano com novos contratos de TV.
”A venda neste ano foi bem curta (R$ 14 milhões) e não comercializamos os contratos de aberta a partir de 2019″, contou o vice-presidente de Finanças do Inter, Pedro Affatato. ”Ainda vamos fazer essa negociação e acreditamos que com as luvas vamos conseguir um pouco mais do que o ano passado.”
Os contratos do Brasileiro válidos a partir de 2016 a 2018 foram negociados antes do agravamento da crise nacional, por isso, houve grande incremento nos valores. Para a extensão a partir de 2019, houve uma disputa entre Globo e Esporte Interativo que gerou acordos mais vantajosos e luvas. Teoricamente, essas não podem ser contabilizadas como receitas correntes, sendo registradas só no ano do novo contrato.
Apesar do aumento das receitas, não dá para ter certeza de que os clubes vão melhorar sua situação financiera. Só no final de 2016, com os números consolidados, é que saberemos se essa renda extra foi usada para equilibrar as contas.
Fonte: Rodrigo Mattos

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