Com venda da maior parte de seu time bicampeão brasileiro, o Cruzeiro superou até o Flamengo em receitas em 2015. Nem assim o clube vive um cenário azul: houve déficit e a diretoria reconheceu dificuldades financeiras. Além disso, há uma polêmica em torno da regra contábil usada pelos cruzeirenses.
Os números do balanço do Cruzeiro foram divulgados pelo blog do Anísio Ciscotto, que é conselheiro do clube e ex-presidente do Conselho Fiscal do clube. O documento já foi aprovado no Conselho Deliberativo.
As receitas registradas foram de R$ 363,8 milhões, cerca de R$ 9 milhões a mais do que o Flamengo, que tinha maior renda entre os grandes brasileiros até agora em 2015. O item de maior faturamento foi a venda de jogadores com R$ 142 milhões. Isso incluiu atletas como Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e Lucas Silva, base do time bicampeão brasileiro.
Ainda assim, no balanço, a diretoria afirmou que o “exercício 2015 apresentou dificuldades ao caixa do clube'' com a ausência em competições internacionais, declassificação cedo na Copa do Brasil e falta de patrocínio. A assessoria do clube informou que o clube não daria qualquer outra explicação sobre as contas além do que está no balanço.
E há pontos obscuros no documento. Fora a receita de negociações de atletas, o clube obteve R$ 133 milhões com direitos de televisão. Pelo contrato antigo com a Globo que valia até 2015, os dois times grandes mineiros ganhavam entre R$ 70 milhões e R$ 90 milhões por ano. Por isso, há uma desconfiança de que o Cruzeiro tenha incluído o adiantamento ou luvas do seu novo acordo com a emissora na prestação de contas.
A maioria dos contadores defende que as luvas ou adiantamento deveriam ser contabilizadas como receitas durante os anos do contrato (a partir de 2019), e não em 2015. Para o conselheiro cruzeirense Anísio Ciscotto, não há problema calcular luvas como renda no ano, mas está errado se for adiantamento. A diretoria do Cruzeiro se recusa a explicar qual procedimento adotou.
Para além desta questão, o alto faturamento não foi suficiente para o clube mineiro evitar o déficit e o aumento de sua dívida. Foram R$ 37 milhões de aumento do débito que atingiu R$ 290 milhões, talvez o menor débito entre os grandes brasileiros. O crescimento da dívida deve-se a pendências tributárias.
Ao entrar no Profut (programa do governo), o clube teve um aumento de sua dívida em impostos: saltou de R$ 135 milhões para R$ 168 milhões. Isso é uma demonstração de que o clube ou deixou de pagar impostos em 2015 ou reconheceu débitos que não existiam. Afinal, a maioria dos times que aderiu ao Profut teve redução do débito tributário.
Fonte: Blog do Rodrigo Mattos
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