21/06/2016

Entrevista: Alexandre Wrobel fala sobre Estádio, CT, Arena Multiuso e muito mais...


Ufa! Foi complicado! O primeiro contato com Alexandre Wrobel foi no início de abril, mas precisamente no dia 4. Foram muitas datas marcadas e canceladas até que finalmente fui recebido em seu escritório. A entrevista ficou longa, claro. A cadeira que o VP ocupa no Conselho Diretor é nada mais, nada menos, do que a responsável pelas obras no Ninho do Urubu, verdadeiro sonho de todo Rubro-negro. Como se não bastasse isso, a pasta do Patrimônio também cuida de duas outras obsessões flamengas: Estádio e a Arena Multiuso. E esses foram os três pilares de nossa conversa. Acredito firmemente que essa tenha sido uma explanação ampla e até didática sobre essa tríade de desejos mais profundos da Nação.
E além de falar do CT, do estádio próprio e da Arena Multiuso, o leitor do MRN poderá entender outras questões importantes demais para que não sejam colocadas à luz.
Com vocês, depois da presença do Vereador carioca César Maia e do Deputado Federal Otávio Leite, o Vice-Presidente de Patrimônio do Clube de Regatas do Flamengo, Alexandre Wrobel.

Ninho do Urubu

Wrobel, para começar, como não poderia deixar de ser, gostaríamos de ter um panorama geral das obras no Ninho. O que está pronto 100% nos módulos dos profissionais?
As obras estão caminhando. Voltaram a estar em um ritmo bastante acelerado, você já deve ter acompanhado algumas fotos publicadas. Praticamente toda a parte de urbanização do terreno já foi finalizada, toda a pavimentação, o muro dos tijolinhos, que era uma queixa recorrente em função de manutenção, todas as calçadas prontas.
Nós agora estamos entregando até o final de ano como foi prometido e será cumprido – até outubro, novembro no máximo – nós estamos entregando todos os módulos referentes ao futebol profissional. Nós já estamos entrando na parte de acabamento, pra você ter uma noção, os vestiários já estão todos finalizados, com as cerâmicas colocadas e estamos terminando agora a instalação de pia, de louças e ferragens.
São dois prédios que a gente chama de blocos. Bloco 15 e bloco 16. Um deles é de um único pavimento e nesse prédio se encontra a Sala de Imprensa e uma antessala para a imprensa; toda a parte da gerência do Centro de Treinamento; o vestiário da Comissão Técnica; uma Sala de Reunião; o vestiário do Futebol Profissional; Sala de Musculação; Sala de Fisioterapia; Sala de Nutrição; Sala de Fisiologia; e o Parque Aquático com 4 piscinas.
O outro bloco já é de dois pavimentos. No primeiro andar temos a entrada, a recepção do CT propriamente dita; um grande salão de jogos com sinuca, totó, pingue-pongue etc; um auditório para 60 lugares no formato de estádio; logo em seguida o refeitório, cozinha industrial, toda a parte de funcionário e toda a estrutura que envolve a funcionalidade do CT. E no segundo andar temos as 24 suítes, o hotel.
Tudo isso será entregue até outubro/novembro deste ano. A parte de vestiário logo agora. Inclusive agora, para a preparação para as Olimpíadas nós fizemos uma parceria com o Comitê Olímpico e o nosso vestiário, o vestiário definitivo, já será usado por seleções que vão usar os campos do Centro de Treinamento George Helal. Estas seleções usarão as instalações do CT, quais seleções virão pro Ninho é uma determinação do Comitê Organizador. A nossa parceria é com o Comitê. Esse acordo trouxe aporte para os investimentos que aceleram o término dos vestiários e na reforma de dois campos de futebol. A obra como um todo foi beneficiada por esse acordo pois aceleramos outras etapas que não estavam previstas para essa fase.
O primeiro estacionamento já foi finalizado, os jogadores já estão estacionando lá os carros. São 85 vagas para imprensa, funcionários, dirigentes e todos em geral que antigamente tinham que para ali numa parte de terra que quando chovia virava um lamaçal. Já contratamos a cobertura e todos as vagas terão as coberturas que são encontradas ali no aeroporto Santos Dumont, quem conhece já pode visualizar melhor como vai ser.
Ou seja, tá caminhando bem. No ritmo que a gente gostaria. Toda quarta-feira a gente tem reunião no CT, para acompanhamento das obras, tem toda uma equipe trabalhando. E até o final do ano tudo entregue, finalmente.

As permutas recentes com uma empresa de colchões e uma provedora de Internet foram muito questionadas. O quanto elas foram importantes, tendo em vista as críticas de que seriam acordos comerciais depreciativos à marca Flamengo?
Isso aí é elaborado pelo Departamento de Marketing do Clube. O que eu posso te afirmar é que qualquer tipo de parceria nesse sentido é muito bem-vinda. Ou seja, não é uma obra simples, não é uma obra barata. Como vocês sabem o Flamengo vem num processo de recuperação financeira. Não estamos em um céu de brigadeiro e podendo fazer gastos mirabolantes, longe disso. Então estas parcerias são extremamente importantes e fundamentais para que a gente possa finalizar o CT. Então quando você pega e faz uma parceria com uma empresa de colchões para que você possa mobiliar 24 suítes mais os quartos dos funcionários, ou seja, você tem uma economia substancial. A gente fez muita coisa nesse sentido. A própria Lafarge, cimento Campeão, que foram fundamentais na pavimentação do CT.  Também conseguimos aparelhos de TV assim. Cerâmica, fizemos uma parceria com a Gail. Nós estamos buscando exatamente isso para minimizar os custos das obras.
A Linktel já está no Ninho fazendo toda a parte de projeto, e  — a parceria com ela envolve a Gávea também — nos beneficiará sobremaneira na questão do sinal de internet. Ali é uma região complicada de sinal, cercada de montanhas, um pouco mais isolada. Fundamental ter essa empresa conosco viabilizando ações que precisam de uma qualidade alta de dados. E seria caríssimo e muito mais trabalhoso o clube arcar com tudo isso.
O CT não tem um luxo louco mas é tudo feito com qualidade, estudado, pensado para que a gente venha economizar na parte de manutenção e conservação do CT. Que será mais um custo que a gente vai ter.

Será outra realidade orçamentária, certo? Você já tem uma previsão desse “Custo CT”?
Não, não tenho. Tem que ficar pronto, passar uns meses e daí que a gente vai poder fazer um estudo para entender em média o quanto o CT onerar o clube. É mais uma estrutura, é um hotel com suas demandas próprias de hotelaria, mais uma cozinha industrial, um refeitório, tem piscina pra tratar, limpeza de tudo isso, ar-condicionado, energia. Então são gastos adicionais.

O quadro de funcionários também vai aumentar. Eles serão funcionários do Flamengo ou terceirizados? Há a ideia de parcerias com empresas de serviços de manutenção no sentido de mitigar esse custo?
A gente vai tentar trazer o menor custo fixo possível para o Clube. A gente vem estudando isso também, junto com a VP de Administração para tentar minimizar isso ao máximo com serviços terceirizados pra não onerar a folha, o custo fixo.

Arena Multiuso na Gávea


Falando agora sobre a Arena Multiuso na Gávea. A torcida está apreensiva quanto a esse equipamento. Em que estágio se encontra o trâmite de aprovação?
É uma novela. Esse é um processo que se arrasta há algum tempo. Esse projeto na verdade foi iniciada na gestão anterior ainda, da Patrícia. Onde surgiu essa possibilidade.

Você já era VP de Patrimônio…
Eu entrei no meio do primeiro ano da gestão. E aí surgiu essa ideia de uma parceria com o McDonald’s. E aí na gestão do Eduardo a gente deu entrada no projeto.

Mas já na gestão da Patrícia tinha o McDonald’s?
Já tinha a ideia. O negócio foi concebido ainda na gestão anterior, da Patrícia Amorim.

E foi o McDonald’s que chegou no Flamengo primeiramente ou o clube que buscava um investidor?
A gente já tinha a ideia de fazer ali um ginásio, uma pequena arena. E aí conversa daqui, conversa de lá, surgiram algumas possibilidades. Conversamos com alguns grupos e aí o McDonald’s apareceu efetivamente interessado em entrar como nosso parceiro no negócio. Logicamente demorou-se um tempo para ser maturado a ser construído.

Tinha a questão de resolver a liberação do terreno também.
Uma série de questões. Tem o espelho d’água da lagoa Rodrigo de Freitas que é tombado e qualquer obra tem que passar pelo IPHAN.

Ok. Mas depois desse marco, que o McDonald’s deu o “sim” e disse que ia injetar 25 milhões… Como é que tem sido?
O custo hoje já deve estar até um pouco acima disso. O McDonald’s, inclusive, já gastou um bom dinheiro nessa história. Porque contratou projetistas, arquitetos, advogados, e uma série de medidas que tiveram custos.
E tem sido uma novela, como eu já disse. O que nos causa aí um profundo desconforto e estranheza. Porque é uma cidade olímpica, não é? Não estamos falando de um estádio para 20 mil lugares. Estamos fazendo um pequeno ginásio! 3mil, 3 mil e poucos lugares. A cidade é carente de instrumentos esportivos dessa natureza. O Flamengo quando vai jogar Basquete joga no Tijuca. A nossa Arena não traria nenhum tipo de conflito para aquela região, nenhum tipo de impacto efetivo. E a gente vem cumprindo uma série de exigências, as mais complicadas que você possa imaginar, na esfera estadual, na esfera municipal e tudo mais. Tivemos algumas reuniões na Prefeitura com a presença do prefeito. Ele se mostrou a favor do projeto mas eu não gosto nem de estabelecer uma data porque eu falei por diversas vezes que faltava mais um mês, mais dois meses, e o negócio não vem se concretizando na medida que nós imaginávamos. Na medida que nós gostaríamos.
O que eu posso te falar é que a gente teve a informação na semana passada de que o projeto mais uma vez foi aprovado lá no IPHAN.

No caso, passou de novo pelo IPHAN, certo?
Sim. Já tinha passado. Porém tivemos que alterar a planta, uma determinada exigência.

É a segunda ou terceira alteração, então.
Diversas alterações já foram feitas para cumprir exigências. Dessa vez não diminuiu o número de lugares não. Foram alterações técnicas. Uma série de novas modificações, recuos, levanta aqui, diminui ali. Enfim, mudanças na planta. E aí a gente vem cumprindo tudo isso.
Amanhã (hoje) a gente tem uma reunião, pela manhã. Tudo indica que ele tem tudo para ser aprovado. Novamente não quero aqui dourar a pílula e vender promessas. A gente imagina que ele esteja próximo de ser aprovado.

A reunião será com o IPHAN?
Não, não. A reunião será com os arquitetos, junto com a empresa que está trabalhando para a aprovação desse projeto. Vamos tentar cumprir, ou melhor, ver se existe alguma coisa pendente para que definitivamente isso saia.

Depois dessa aprovação do IPHAN o projeto percorre novamente…
Ele volta para o Meio Ambiente, Bombeiros, CET-Rio… Mas é assim: tudo leva a crer que… Olha, tudo que foi pedido foi cumprido pelo Flamengo. Então a gente imagina que não tenha mais nenhum grande obstáculo para a aprovação agora. Vamos aguardar.

Foi levantada até uma hipótese do Flamengo utilizar equipamentos construídos para as Olimpíadas do Rio. Essa pode ser uma alternativa, a final do NBB até utilizou a Arena destinada ao judô.
Mas é isso que o Flamengo quer?

Foi uma ideia levantada na época das eleições e que muita gente considerou viável. Não deixa de ser uma alternativa. Além disso, a questão do impacto na Gávea não pode ser colocada na balança?
Eu estou aqui pelo Flamengo. A minha cor é preto e vermelho.
Bom, deixa eu te falar uma coisa. Qualquer construção dessa natureza traz algum tipo de impacto. Óbvio, não tenha dúvida nenhuma disso. Vai ter que tirar uma ou outra árvore. Depois faremos o replantio delas, faremos a contrapartida ambiental. Por um determinado momento o Clube vai passar por um processo de obras. Então durante esse período, é lógico que a gente vai ter os transtornos decorrentes de uma obra, mas o benefício que vai ser deixado para o Clube é incomparável.
Sendo muito franco e honesto, o Flamengo está em uma localização absolutamente privilegiada, na zona sul da cidade, no coração da Lagoa. Contudo, tem um clube muito aquém daquilo que a gente gostaria. Então pensar em levar para jogar em Deodoro é contribuir para o esvaziamento do Clube. Hoje na Gávea a gente tem três ginásios. Nenhum deles com capacidade ou com estrutura para receber um jogo de grande porte. No basquete a gente tem um time campeão brasileiro, campeão mundial. Esse ginásio não é voltado para show, para espetáculo. Ele é voltado para atividades esportivas.

Não vai ter show?
Pode, eventualmente. Uma feira, um evento pontual. Mas o foco não é esse. O foco é atividade esportiva. Vôlei, basquete e futsal. Esses são os pontos efetivos que, inclusive, aparecem nos vídeos, no projeto, na aprovação.
É um presente para o Flamengo. É um presente para a cidade. É um presente para o bairro! O projeto é lindíssimo. É mais baixo que a sede, é bom salientar: o ginásio é mais baixo que o prédio administrativo. Não consigo vislumbrar nenhum motivo, nenhuma razão que possa ser contrário a ele.

Acho importante a gente falar sobre a questão do Namings Rights. Como o nome Arena McFla já ficou famoso, muita gente confunde.
Naming Rights é do Flamengo. O McDonald’s entra com o investimento. Ele vai ter a lanchonete, vai servir a praça de alimentação da própria Arena, vai ter a loja pra frente; vai servir aos associados do clube e vai ter direito a usar o espaço em determinadas datas para eventos exclusivos dele, ações pontuais. O Namings Rights é do clube.

Wrobel, este ginásio é um ganho espetacular para o sócio do Flamengo também, devido a quantidade de coisas que podem ser feitas ali, não acha?
Pelo amor de Deus, não tenho dúvida nenhuma disso! Eu fui para São Paulo há pouco tempo e visitei o Pinheiros, a Hebraica. Dá inveja. Você tem lá ginásios maravilhosos. E não podemos esquecer que tudo será feito com dinheiro privado. Não tem um real de dinheiro público envolvido nessa história. Eu não consigo entender ser contrário a isso. Por um determinado período vai trazer transtorno? Vai. Se você faz uma reforma no banheiro de sua casa, durante este período você vai ter lá um problema. Durante esse período sim, mas depois o benefício é absurdo.

Aprovado tudo, pedra fundamental colocada. Quanto tempo até a inauguração?
Um ano e meio.

Arena na Gávea, Maracanã e Estádio em Guaratiba


Por volta de uma semana foi protocolada uma planta de estádio na Gávea, procurado pela nossa reportagem você disse que foi apenas uma sondagem. Teria sido uma forma do Flamengo dizer oficialmente que começa a lutar realmente para ter seu próprio estádio? E aproveitando o assunto, o MRN publicou uma matéria sobre um vídeo da empresa Castro Mello Arquitetos, em que eles estavam apresentando um projeto de estádio em Guaratiba. Gostaria que você falasse mais sobre isso também. Esclarecesse tudo sobre o assunto estádio para o torcedor.
Primeiro ponto. Nós criamos um grupo para tratar única e exclusivamente de estádio. Antes de qualquer coisa, de ser Vice-Presidente, eu sou um rubro-negro apaixonado e, como todos nós, sonho em ter o nosso estádio próprio. Acho fundamental para o crescimento do Flamengo. Mas acho que o Flamengo, espero, que o Flamengo tenha aprendido com os erros do passado e de novamente não cair em projetos megalomaníacos que não se sustentam. Não estou aqui falando que esse projeto de Guaratiba é ou não é. Estou falando de maneira geral. Você vai me perguntar se eu quero um estádio pra 60 mil pessoas, maravilhoso, lindo? Quem não quer? Só que você tem que ter um estudo de viabilidade financeira. Tem que ver se ele fica de pé, se ele se sustenta e se paga. Nós estamos no Brasil, um país que tem uma taxa de juros louca. Como você constrói um estádio de 800 milhões de reais? O investidor vai lá, sem risco nenhum para o Flamengo? Será que é exatamente dessa maneira? E como ele se remunera desse dinheiro? Por quanto você pega um dinheiro desse hoje em dia, a taxa de juros? Menos de 16, 18% ao ano? Não conheço, não acredito. Novamente, e importante: não estou falando desse projeto de Guaratiba específico, e sim de maneira geral. Como você viabiliza financeiramente isso gastando 800 milhões pagando 140 milhões ao ano de juros?
Então o que nós fizemos. Nós criamos um grupo há mais ou menos 4 meses atrás e esse grupo vem se reunindo periodicamente, amanhã vamos nos reunir, aquela mesma reunião da Arena Multiuso, a gente também vai discutir sobre estádio. Nestas reuniões a gente vem chamando, e continuará chamando, vários especialistas na matéria, gente inclusive de fora do Rio, para que a gente possa efetivamente se aprofundar nessa questão de estádio.
Então posso te adiantar o seguinte: estamos estudando e já na fase final desse estudo, praticamente a situação de todos os estádios que foram construídos recentemente para a Copa do Mundo. Dá uma lida por aí e você vai ver qual a situação desses estádios, qual deles se sustenta, financeiramente? O Sport vai deixar de jogar na Arena Pernambuco, Cruzeiro está com problemas no Mineirão, o Grêmio com grande dificuldades com seu estádio. Estes estádios foram construídos para a Copa do Mundo, lembre-se, ainda com benefício fiscais. De estado, município, União. Você podia importar, trazer e não pagava impostos. Ou seja, uma série de outros mecanismos. Mas vamos esquecer isso aí, foi um outro momento. Então tem que tomar muito cuidado com isso. Para o Flamengo novamente não cair em tentações que possam levar o clube novamente à situação que ele se encontrava até há pouco e que vem sendo recuperado agora. No papel, na maquete, no desenho, no vídeo, tudo é lindo, é maravilhoso e todo mundo quer. Mas tem que ser algo absolutamente sustentável, pensado com o pé no chão, cabeça no lugar. Não adianta entrar em coisas megalomaníacas. O Andrés Sanchez deu uma entrevista dizendo que ele se arrepende de ter construído a Arena do Corinthians da forma como foi e fala dos custos e tudo mais. Não tem um mês essa entrevista, pode procurar.
Pelo pouco que a gente vem estudando nesses meses eu digo que não acredito numa arena com um gasto de 800 milhões para recuperar. Acho que na nossa atual situação financeira e econômica do país, com a taxa de juros. E não adianta fazer show. Sabe quanto representa em termos de receita cada um desses shows? Dá uma olhada nos estádios construídos para a Copa. Quantos shows foram feitos? Um dia desses alguém comentou comigo “ah, mas você vai lá e faz uns 15 shows”. Não existe 15 shows! Você não faz. Quantos shows ocorreram no Maracanã no último ano? Três ou quatro. Ainda mais hoje em dia que o Rio passou a ter uma quantidade grande de equipamentos, como a Arena HSBC, Vivo Rio, Apoteose.
E tem a questão da localização, e novamente não estou falando de Guaratiba não. Temos que pensar a questão do transporte público. O Corinthians tem uma dificuldade enorme na venda de camarotes lá no estádio deles e o motivo alegado é a distância. E lá tem transporte público chegando, trem, metrô, mas não vende essa propriedade para empresas. Quantos shows ocorreram no Itaquerão? Que eu saiba acho que nenhum. Por que? Tem o do Palmeiras que é muita mais bem localizado. São tantas as questões aí envolvidas. Lógico que eu adoraria anunciar amanhã que nós estamos vamos construir um estádio para 60 mil lugares. Todo mundo adoraria. Entretanto, na posição que eu ocupo, e eu me cobro muito por isso, todo mundo sabe que o meu perfil é esse. Não dá pra fazer loucura. Enquanto eu estiver liderando, aliás, liderando não porque existe um grupo e não tem quem mande ou desmande. Tem que ter pé no chão. Razoabilidade, bom senso e fazer um negócio que se sustente e não jogue o Flamengo na lama.
O que eu te digo é que a gente vem trabalhando muito nessa questão do estádio. Sobre a Gávea agora. Tá dentro desse escopo. A gente pensa sim numa reforma do Estádio da Gávea, por outro lado não dá pra gente pensar em um estádio para 40 ou 50 mil pessoas porque entraria um impacto gigantesco na região. Eu moro ali do lado… O ótimo é inimigo do bom. E não dá para a gente só olhar um lado e não olhar o outro. A gente tem que trabalhar em conjunto, como trabalhamos em conjunto no Morro da Viúva com a associação de moradores, no Leblon vamos trabalhar em conjunto com a associação da Selva de Pedra e do Leblon, buscando algo que seja viável e sem trazer um impacto gigantesco. Fizemos uma consulta inicial para uma reforma e um acréscimo de área. Também algo embrionário mas que daqui a 20 dias a um mês a gente tenha uma definição do caminho a seguir. Não existe nada aprovado e nada descartado. O que existe é uma série de estudos que a gente vem fazendo com uma série de especialistas do mercado, gente que trabalhou nos estádios, fez a construção de vários estádios que serviram à Copa do Mundo, ao time que melhor se adaptou que foi a arena do Palmeiras com a WTorre, para que a gente possa tomar um caminho que seja um caminho sustentável.

E em relação a essa planta que foi protocolada na Prefeitura. O que é exatamente isso?
É um estudo inicial. É um estudo inicial de viabilidade. Estamos checando com Prefeitura se ele atende à legislação. Se ele é possível. Para depois a gente sentar, estudar e conversar com as associações de moradores, com os associados, com o Conselho Deliberativo. Tem uma série de etapas aí que devem ser cumpridas.

Qual a capacidade desse estádio?
Não está definido ainda. É um estádio de pequeno porte.

Atenderia às normas da CBF para jogos organizados pela entidade?
Sem dúvida nenhuma. Até porque a gente conta e torce muito pelo Maracanã para jogos de grande porte, que ele volte a ser viável para a gente. Então seria um estádio menor para jogos de pequeno porte mas que nos daria aí um conforto muito grande.

Em relação ao Maracanã você pode falar alguma coisa?
Eu não tenho informações aí. É um outro grupo que está trabalhando. Eu sei que estamos caminhando. Temos essa já citada reunião amanhã (hoje). Sei que esse negócio de Guaratiba veio à tona e seduz, lógico que seduz quando você olha para o vídeo.

Eles já apresentaram para a Diretoria, não é mesmo?
Já apresentaram em uma reunião deste mesmo grupo de estudos que eu venho te dizendo que se junta para encaminhar essa política de estádio próprio. Eles já apresentaram, só que aí por um determinado motivo que eu não sei, mas respeito, decidiram adotar um discurso que eu não acho o caminho mais adequado mas eu respeito, lógico, eles estão na posição deles e se o Clube quiser levar adiante é um direito que eles tem. Ma novamente: não há nada aprovado.

O discurso que você diz é o que exatamente?
Eu já ouvi de tudo. Hoje alguém comentou comigo que a gente não está analisando esse projeto porque não foi feito pelo grupo que está na gestão. Isso é tão pequeno, eu, inclusive, não faço parte de grupo político nenhum no Flamengo. Então assim, isso é tão pequeno, é tão louco você imaginar alguma coisa dessa natureza. Agora, repetindo, quem está na gestão tem uma responsabilidade muito grande, diferentemente de quem eventualmente não está, para  poder caminhar com algo, como já disse diversas vezes, que seja viável financeiramente falando. E para isso a gente tem uma série de estudos que a gente vem fazendo ao longo dos últimos quatro meses.

Um projeto se estádio pode demorar anos. O Botafogo mostrou que existe meios, sejam eles econômicos ou legais, de viabilidade de uma arena provisória. Não acha que seria uma alternativa, mesmo que provisória, para jogos do Carioca e outras partidas de pequeno porte, a instalação de uma arquibancada modular como a que está sendo instalada na Portuguesa, ali na Gávea, já para 2017?
Esse ano é um ano atípico. Não temos o Maracanã e o Engenhão. É um ano fora da curva por causa dos Jogos Olímpicos. Em outubro os estádios voltam a estar disponíveis. Eu, particularmente, reluto um pouco em relação a essa história de estádio provisório. Lembrando que eu sou um ali no meio de um grupo. Eu acho que o Flamengo tem que buscar uma solução definitiva pra vida dele. Quando você foca no provisório você acaba deixando o problema pra frente, se acomoda. O estádio provisório também tem custo e também demanda projeto, e na nossa região temos uma série de questões envolvidas, como já dissemos.
Eu acho que chegou a hora do Flamengo resolver definitivamente a sua vida. É importante ter um legal para se jogar? É fundamental. Quem sabe a gente faz uma parceria, joga em Edson Passos ou com o próprio Botafogo. Em breve os estádios voltam e a gente espera jogar no Maracanã e no Engenhão. Porém, eu acho, e venho trabalhando nesse grupo que foi criado visando uma solução definitiva para o Flamengo. Nem que isso demore mais um, dois, três anos. Que, na verdade, uma construção dessa não é rápido nem simples, é um processo todo ele muito complexo mas eu acho que a gente tem que buscar uma solução definitiva.

A construção ou o encaminhamento da construção de um estádio para o Flamengo é uma obsessão para essa gestão atual?
Passou a ser uma obsessão. Passou a ser uma obsessão. Eu diria que há várias obsessões. A primeira era recuperar a credibilidade do Clube. Esse foi o fator fundamental, recuperar o nome, a confiabilidade e eu acho que o mercado todo já sabe disso. Quando você conversa com um ou agente ou representante comercial a percepção do Clube é outra. E aí vamos caminhando e temos a questão do CT. Ou seja, já não era sem tempo o Flamengo ter seu Centro de Treinamento, uma instituição da sua grandeza. Você vai lá hoje e já dá orgulho: 5 campos em perfeita condições de uso, instalações provisórias, ainda que provisórias, elas são excepcionais. Terminado o Profissional, com a mesma equipe que está lá vamos começar o trabalho nos módulos da Base, que a gente tem perspectiva de terminar em um ano e meio. Ou seja, até o final desta gestão todo o Complexo do CT — estamos falando de um terreno de quase 150 mil metros². Importante: todas as instalações provisórias já poderão ser usadas pela Base, assim que terminar as obras no CT Profissional. A Base não tinha uma Sala de Musculação própria. Ela tinha que usar a dos Profissionais, quando eles não estivessem usando. Isso acabou. Tem uma sala pronta exclusivamente pra eles. Vestiário novinho só pra Base. Alojamento, cozinha, refeitório, tudo novo só pra Base. Recebemos o Certificado de Clube Formador por causa disso, cumprimos todas es exigências nestas instalações. É o que se sonha? Não. Ainda não é.

Fla da Nação, Morro da Viúva e Casarão de São Conrado


O projeto de torcedores Fla da Nação Oficial está fazendo diversas ações de arrecadação para pagar um campo de grama sintética no Ninho. O MRN apoia e tenta, na medida de suas forças ajudar na divulgação de todas as ações do Movimento, que já arrecadou dinheiro para compra de passes de jogadores da Base, comprou e pagou a instalação de um placar eletrônico na Gávea, reformou um conjunto de salas que agora serve como sede do Fla Master. Ou seja, é um projeto estabelecido e com altíssima credibilidade. Acredito que você seria a pessoa mais indicada entre os dirigentes do Flamengo para falar a respeito do projeto, como uma palavra oficial de apoio.
Eu tenho contato direto com o Sandro Rilho. Já nos ajudou demais. Eu só posso agradecer, mais uma vez agradecer. Ontem mesmo eu falei com o Sandro. E agora a gente tem um outro projeto, dessa vez ali na entrada do CT. A captação do campo de grama sintética já foi praticamente finalizada. Eles conseguiram arrecadar mais de 150 mil reais. Essa campo já está na parte de terraplanagem e daqui a dois meses já estará pronto e vai ajudar demais não só o Profissional mas também o Departamento de Base. E já estamos começando a trabalhar na próxima campanha.
Deixa eu falar uma coisa. Quem quiser ajudar, o grupo que estiver disposto a fazer qualquer tipo de ação, estaremos absolutamente abertos. Acho espetacular. Eu nunca pensei em ser nada dentro do clube e sempre ajudei em tudo. Comprei pulseirinha do CT lá trás, comprei camisa, fazia tudo. Pagava o clube e nunca ia no clube, era sócio, fazia tudo. Quem estiver disposto a ajudar, grupos políticos e não-políticos, grupo de torcedores como o Fla da Nação, Fla em Dia e tantos outros. Eu só tenho a agradecer. Acho maravilhoso. O meu relacionamento com o pessoal do Fla da Nação é espetacular, a gente conversa muito.

Existe algum grande projeto para a Sede Náutica, cuja área parece tão mal aproveitada?
Não sei. Aí tem que conversar com o VP do Remo.

E a Piscina Olímpica, Wrobel?
Ela está em fase final. Não acompanho muito. Não está sobre a minha supervisão mas está em vias de ser finalizada e vai estar pronta antes da Olimpíada.

Com a chegada de diversas delegações olímpicas ao Fla, qual o ganho real para o patrimônio? O Flamengo herdará equipamentos e materiais de treinamento desses países?
Os ginásios foram reformados, dojô novo, Sala de Musculação do Remo, agora foi reformado o ginásio de futsal, o ginásio de basquete recebeu reforma de todos os vestiários, do piso e aclimatação. A própria piscina Mirtha. E certamente muito material, instrumentos e equipamentos que virão com as delegações estrangeiras ficarão no clube após a estadia.

Qual a situação atual do Morro da Viúva e do Casarão de São Conrado?
São Conrado já está praticamente finalizado. Essa semana a gente já recebeu o contrato. Um tempo atrás a gente recebeu uma proposta. O que acontece é que essa casa tá completamente deteriorada, destruída, abandonada, não tem mais utilização nenhuma. A gente vinha buscando uma composição, um acordo, até porque um determinado grupo comprou os dois terrenos do lado e esse grupo fez uma proposta. A gente tentou levar isso para o Conselho mas não teve quórum para que fosse apreciado. O terreno é pequeno e triangular, a utilização do terreno sozinho é muito limitado, o potencial construtivo dele sem agregar com um outro terreno do lado é muito pequeno. A gente não teve quórum naquela oportunidade até porque a casa tinha duas penhoras , a gente tinha que tentar resolver. E agora esse assunto foi retomado, a gente conseguiu praticamente resolver essa questão dos gravames. A gente está conseguindo resolver essa situação; a gente conseguiu chegar em uma proposta financeira boa que está sendo avaliada pelo Conselho Diretor, os termos jurídicos também inclusive e depois será encaminhado pelos Conselhos do Clube para em seguida ir à votação.

Venda?
É. Seria a venda. Não vou te passar aqui o valor por respeito ao Estatuto, é uma proposta que ainda não chegou aos Conselhos. O que eu posso te passar é que o valor é infinitamente superior ao que valeria se depois a gente vendesse sozinho. É uma oportunidade muito boa e espero que a gente consiga vender.

E o valor recebido será investido em quê?
Imagino eu em patrimônio do Clube mas isso ainda não definido.

Morro da Viúva?
Retomamos o prédio, ou seja, teve aquela questão com os moradores. Foi feito ali um trabalho que pouca gente imaginou que poderia ser feito, de retomada do prédio, desocupação. Pra se ter uma ideia ali viviam 102 moradores, 60 locatários. A EBX contratou o Armando Miceli, que junto ao VP Jurídico do clube fez um trabalho espetacular e muito árdua. A EBX foi fundamental nesse processo. Tinha usucapião, morador de rua morando há 13 anos lá, ex-jogador do clube, família de ex-jogador, loja, tudo que você possa imaginar. Então o prédio foi desocupado. A EBX pagou as luvas ao Clube, só que não conseguiram dar andamento às obras devido à situação financeira que acometeu o grupo. E aí nós começamos a notificá-los, até que chegamos, depois de uma novela enorme, à retomada do prédio, de forma amigável. O que foi pago de luvas morreu, ficou com o Flamengo, não precisamos devolver nada, assim como no que eles gastaram na desocupação também. Então o Flamengo recebeu o prédio limpo, desocupado. Já estamos com uma equipe de segurança patrimonial lá dentro e estamos conversando com 6 grupos interessados na exploração do prédio. Por que esse negócio ainda não foi adiante, efetivamente? Aquele prédio, pra ser transformado em hotel, entrou dentro do pacote olímpico. Que previa que deveria ser transformado em hotel até dezembro de 2015, depois a Prefeitura estendeu para maio de 2016, mas, enfim, não tinha mais como até porque a gente tem aí pelo menos mais um ano e meio no mínimo para transformar aquilo lá em hotel. Então a Prefeitura mandou um novo projeto de lei, que já está na Câmara dos Vereadores, autorizando a transformação do prédio em hotel, residencial ou híbrido. Nós estivemos na Câmara há 20 dias e estamos aguardando a tramitação interna disso. A gente imagina que daqui a mais ou menos dois meses isso já esteja sendo votado e aprovado. Ou seja, o que novamente eleva demais o valor da transação dessa natureza porque o investidor poderá fazer ali o hotel ou o residência ou mesmo o híbrido com as mesmas condições enquadradas lá trás, quando a EBX fechou conosco.
Assim que a PL for aprovada vamos publicar um edital em diário oficial para tornar o negócio o mais transparente possível, para que todos estes grupos interessados possam apresentar sua proposta. Com essas propostas em mão vamos levar para a apreciação do Conselho Deliberativo do Flamengo.

Fluminense, Botafogo e Vasco receberam terrenos para a construção de seus CTs. Como o Flamengo já tem sua propriedade há décadas, a prefeitura prometeu, em moldes de promessa de campanha até, uma valor em dinheiro equivalente ao valor das doações aos rivais, que não tinham condições de comprar um terreno para tal fim. Há, no Flamengo, algum tipo de movimento de pressão política para que a prefeitura “relembre” essa promessa e, possa dar uma contrapartida ao nosso Clube, por uma questão de justiça e igualdade?
A Prefeitura não nos deu terreno. Não nos deu ajuda financeira. Nenhuma contrapartida. E eu concordo contigo, o Flamengo nessa história sai prejudicado sem sombra de dúvida. Agora, não adianta a gente receber um terreno para não ter efetiva destinação. Qualquer terreno que você venha a receber, para transformar em quê? Em CT? Nós já temos nosso CT. O terreno que a gente está falando não é uma área que comportaria um estádio. Então também não é por aí. A gente então está tentando brigar por alguma coisa que seja efetivamente eficaz. O assunto não morreu. Eles sabem do nosso desconforto, do nosso descontentamento em relação a isso. Está claro, público e latente que de todos os clubes o Flamengo foi o único prejudicado ou não beneficiado nessa história. Entretanto, não adianta me dar um terreno onde eu vou ter que colocar uma equipe de segurança, que eu não sei o que vou fazer, vou gastar. Então tem que ser algo que reverta em algum tipo de benefício. Mesmo que não seja um terreno, que seja uma contrapartida, uma isenção fiscal, enfim, algo que gere um equilíbrio.
Fonte: Mundo Rubro Negro

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