Mesmo chegando ao quinto mês de trabalho, o Flamengo ainda é um time em construção. As mudanças de peças e do esquema impostos neste domingo pelo interino Jayme de Almeida surtiram efeito em parte, já que, mesmo assim, houve derrota por 1 a 0 para o Grêmio. Mas uma observação dos 90 minutos à beira do gramado da Arena deixou claro que a evolução da equipe precisa ir além de ajustes táticos. O Flamengo pouco se comunica em campo.
São 11 jogadores em busca da vitória, mas a escalação do Flamengo que fala pode se resumir a três ou quatro atletas. E todos eles do sistema defensivo. Um dos jogadores mais reservados do elenco, o capitão do Juan é dos que tentam ajustar o posicionamento na base da conversa. Paulo Victor e Márcio Araújo também utilizam esse recurso. Reserva contra o Grêmio, Willian Arão entrou no segundo tempo e tentou a levar o time ao empate passando instruções.
Mas quando se trata do sistema ofensivo, quase não se viu conversa entre os jogadores. “Pilhado”, Everton tentava inflamar seus companheiros e pedia bolas. No comando do ataque, Guerrero dialogava mais com Fred e Geromel, os zagueiros adversários, cada um explicando faltas cometidas e sofridas. Com seus próprios companheiros, o peruano mais reclamava. Silenciosamente lamentava passes que não chegavam e com gestos discretos pedia a bola onde queria. Em sua melhor chance no primeiro tempo, Guerrero escorou de cabeça um cruzamento e depois avisou a Rodinei que preferia por baixo.
No segundo tempo, entretanto, pouco adiantou a tentativa, na base da conversa, de ajustar o posicionamento defensivo após a saída de Bobô para a entrada de Everton. Sem um centroavante fixo, o Grêmio passou a ter mais mobilidade e pressionou. Primeiro esbarrou nas boas defesas de Paulo Victor. Mas não demorou muito até marcar o gol, do zagueiro Fred, de cabeça, após cobrança de escanteio. Em meio às cabeças baixas, Jorge tentava transmitir ânimo aos companheiros, mas sem encontrar eco. Um exemplo de que as vozes não reverberam no time do Flamengo, algo para o qual Juan já alertou.
- O time tem outras lideranças, mas pode conversar mais. Isso a gente também tem conversado internamente, principalmente em relação se cobrar mais dentro de campo. Têm jogadores assim. Sempre gosto de falar que o time precisa de várias lideranças. Só jogadores calmos, como eu sou, não adianta. Têm outros jogadores que puxam de outra linha. O grupo também foi feito esse ano, precisa de jogadores que se soltem mais nesse aspecto - disse o capitão, em entrevista na última sexta-feira.
Fonte: GE
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